segunda-feira, 23 de março de 2009

CICLOS BIOGEOQUÍMICOS

A MATÉRIA EM MOVIMENTO

A circulação de matéria, no ecossistema, possui uma diferença radical com a de energia. Enquanto que o fluxo de energia é unidirecional; o da matéria é cíclico, graças a ação dos decompositores que a torna disponível para os produtores. Tratam-se de substâncias químicas (nutrientes) indispensáveis à síntese de matéria orgânica e ao funcionamento do organismo. Como existem em quantidade limitada no ambiente, devem, portanto, ser reciclados; o que torna obrigatória a troca recíproca e permanente de elementos químicos entre os seres vivos (biocenose) e o meio ambiente (biótopo).

O movimento desses materiais pelo ecossistema é denominado ciclo biogeoquímico porque envolve compartimentos - que armazenam os materiais e o transferem para outros - de natureza biológica (seres vivos), e geológica (solo, atmosfera e mares), por onde passam substâncias químicas. São distinguidos em função do elemento (carbono, nitrogênio, oxigênio) ou substância (água) química que circula.

Entre os compartimentos que compõem o ciclo biogeoquímico, há um que armazena a maior quantidade de nutriente, sendo chamado de reservatório; que, via de regra, não é de natureza biológica.

Cada ciclo pode ser caracterizado pelo estoque (quantidade do nutriente existente em cada compartimento); pelo tipo de reservatório e pela taxa (velocidade) de movimento do nutriente entre dois compartimentos, chamada taxa de fluxo.

Há dois tipos de ciclos biogeoquímicos: sedimentar e gasoso. O sedimentar ou local, no qual o reservatório é a crosta terrestre e que ocorre dentro dos limites de um ecossistema, tendo âmbito local, como ocorre com o enxofre e o cálcio. O ciclo gasoso ou global tem como reservatório a atmosfera ou os mares e seu âmbito é amplo, envolvendo todo o planeta. Tal é o caso da água, carbono, nitrogênio e oxigênio.

O conhecimento da estrutura e dinâmica dos ciclos biogeoquímicos é de fundamental importância porque as atividades humanas introduzem nos ecossistemas, várias substâncias novas e com potencial efeito tóxico, que estabelecem padrões de ciclagem biogeoquímica, causando danos por onde passa. Outra conseqüência negativa da ação humana pode ser o bloqueio ou alteração dos ciclos biogeoquímicos naturais, tornando-os acíclicos. Com isso, há uma perda de recursos naturais deixando pobre os ecossistemas, ou mesmo, degenerando-os.

A recuperação de ciclos biogeoquímicos em processo de degeneração, que exige transformar processos acíclicos em cíclicos, é aspecto prático de capital importância na Ecologia moderna.

Ciclos Biogeoquímicos - CICLO DA ÁGUA


A água é o constituinte orgânico mais abundante nos seres vivos e, por isso, o mais essencial para a manutenção da vida. A própria biomassa dos ecossistemas é proporcional ao índice pluviométrico.

Há muito mais água associada aos minerais das camadas geológicas mais profundas - e, portanto, indispensáveis aos seres vivos - do que no ciclo da água (ou ciclo hidrológico). Desta, 97% está no reservatório (os oceanos). O reservatório de água doce são as geleiras, que possuem 77% dela.

O ciclo da água consiste na evaporação, formação de nuvens e precipitação sob a forma líquida (chuva, orvalho, nevoeiro) ou sólida (neve, granizo).

A presença da vegetação atua mantendo a umidade atmosférica, regulando as chuvas e protegendo o solo da erosão. Já nas cidades e áreas desmatadas ocorre o fenômeno inverso. Além disso, estando o solo impermeabilizado (pela cobertura de asfaltos e construções), a água da chuva é rapidamente escoada e perdida para os rios. As atividades humanas são, agora, capazes de causar impactos significativos sobre o ciclo da água.

O principal deles é a retirada da água dos rios e lagos para consumo humano - que seguiria para os oceanos. Estima-se que para o fim do século XX, 75% dessa água seja retirada, nos EUA. A conseqüência imediata disso seria uma maior taxa de evaporação continental e, em decorrência, um aumento sensível nas chuvas sobre áreas continentais.